segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Seminário Teológico: Como Escolher um?


    
     Graças a Deus que muitos homens e mulheres de Deus tem sentido um chamado para a obra. Com esse chamado a procura por cursos de teologia tem aumentado por todo território brasileiro. A cada dia a oferta por cursos de teologia aumenta, com esse desenvolvimento a qualidade passa a ser algo relevante, por isso preparei esse esboço com algumas considerações relevantes sobre os cursos de teologia atuais.

1) História. O primeiro ponto a ser visto em um seminário é sua história. Desde quando me formei (10 anos atrás) a principal marca de um seminário era seu histórico. Este é o principal divisor de águas. Os seminários mais antigos tendem a ser mais sólidos, mais estabilizados e em contrapartida mais tradicionais e "frios".

2) Testemunho. Esse aspecto eu considero o mais relevante, entretando é o menos procurado. Antes de procurar um seminário procure por testemunhos de alunos que já estudaram nesse seminário. Por exemplo: Se você descobrir que alguns irmãos que foram para determinado seminário acabaram por desviar-se e essa notícia for algo frequente, é melhor não ir nem conhecer.

3) Linha teológica. Outro aspecto muito relevante. Se você é pentecostal, batizado com o Espírito Santo, e verdadeiramente vive a fé com inteireza como vai para um seminário que partilha de idéias (fundamentalistas - Extrema direita) ou (Liberais - Extrema esquerda)? No Brasil, aproximadamente 90% dos seminários é Calvinista (seguem a doutrina da eleição e condenação eternas), e mesmo quando o seminário se professa não defensor uma linha, é preciso conhecer os professores, pois muitos seminários que dizem não seguir o calvinismo possuem a maioria do seu corpo docente com formação e postura calvinista. Assim, se você é pentecostal, ou tradicional e não é adepto do calvinismo, procure um seminário que se aproxime de sua crença e sua fé. Os seminários tradicionais tendem a ridicularizar as posições pentecostais, principalmente entre os colegas de classe e vice-versa.
     Somente se você tiver interesse em conhecer outra linha de fé é que deve procurar um seminário de linha teológica diferente. As diferenças edificam, mas quando são mal usadas podem destruir.
     Outro fator importante é a visão principal do seminário. Alguns são direcionados à formação de missionários, outros à linha pastoral e outros à linha bíblico teológica. Assim, é altamente recomendável que você procure um seminário que atenda à seus interesses ministeriais.

4) Reconhecimento. Em primeiro lugar, se você está procurando um seminário para ter reconhecimento do MEC, você está no caminho errado. Seminário é uma instituição que trabalha para preparar homens e mulheres para o serviço de Deus, não para o mercado de trabalho. Entretanto alguns seminários, principalmente os tradicionais, estão tendendo para a profisionalização do pastorado e das funções do culto, como já acontece no exterior, onde Pastor e Diácono são profissões procuradas nos classificado de Domingo. Em segundo Lugar, se você realmente quer o MEC, é preciso reconhecer que a teologia do MEC não é determinada pelo MEC, entretanto os examinadores e os modelos para medição e valor (Sistema de Notas para determinar o valor) são totalmente seculares, não existe nenhum valor espiritual no sistema de avaliação do MEC, e seus examinadores, em grande maioria são católicos, luteranos e presbiterianos tradicionais. Assim, há uma tendência muito forte de seculzarização e tradicionalização da teologia por traz da validação do MEC.
      Conheço algumas Faculdades que lecionam Teologia como se fosse um curso secular, retiraram toda espiritualidade. A teologia foi transformada em ciência (iluminismo teológico), tem professores que nem crentes são, outros que são desviados, etc... Como uma pessoa que tem a vida dissoluta pode ensinar bíblia para pastores e futuros pastores? Não se divorcia fé e vida, pois fé sem obras é morta.

5) Qualidade. Com a grande oferta de cursos de teologia é muito relevante procurar por qualidade. Cuidado com cursos muito baratos, pois provavelmente os professore não são formados, ou o material didático pode ser plagiado de outra instituição. Os cursos muito caros também são desaconselháveis, visto haver uma torção do sentido da teologia. Sempre que possível,  procure assistir algumas aulas antes de se matricular, pois evitará perder tempo, dinheiro e espiritualidade.

Conclusão: Assim, como já dizia Aristóteles, procure sempre a regra do meio: o Equilíbrio! Nem muito novo que ninguém conheça, nem muito antigo cujo conteúdo seja arcaico; nem muito tradicional que não possa pensar, nem muito liberal em que o pensamento nega Jesus Cristo; Nem muito calvinista que negue a liberdade do homem, nem muito pelagiano que negue a salvação por Cristo; Nem muito secular em que o testemunho seja apenas de tribulação, discordia e crentes desviados e nem muito espiritual em que se ore mais em linguas do que se estude a Bíblia; Nem muito certinho sobre o comando do MEC (instituição governamental) e nem muito diferente que não aceite nenhuma regra de controle social; Nem muito rico em qualidade e conteúdo que o aluno não tenha vontade de estudar, e nem muito fraco de conteúdo em que o aluno estuda e nunca aprende. Acima de tudo, prove! se você não gostar, ou entender que não está te ajudando, saia e procure outro, pois o objetivo maior não é ter um diploma, ou agradar a sociedade e a igreja, mas atender à vontade de Deus, a quem nós sempre devemos agradar.

Eduardo Sales  de Lima (É mestre em Teologia, professor e coordenador do CETAD - Centro de Estudos Teológicos das Assembléias de Deus em Maringa/PR)

O Cetad Maringá está com matrículas abertas para Teologia 2010. Não perca essa oportunidade de crescer na fé e no conhecimento de Deus.

Pecado e Corrupção: Uma análise a partir da Cristologia

O que é o Pecado? qual a relevância do tema? será que ainda deve ser estudado? A doutrina do pecado é uma das mais relevantes para a fé cristã, entretanto, foi distorcido na história da Igreja. Nos slides abaixo apresento a série de estudos sobre Pecado e Corrupção numa visão a partir da Cristologia. Os estudos forma ministrados na Igreja Assembléia de Deus na Zona 2 em Maringá/PR.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

VERDADES OCULTAS E MENTIRAS REVELADAS

As Configurações da Fé ante as Novas Estruturas Sociais

Eduardo Sales de Lima



A Verdade e a Mentira são valores que a cada dia se reconfiguram em formas diferentes. Atuam como forças conduzindo as pessoas pelos seus caminhos. Os caminhos da verdade são os caminhos que apontam quem realmente somos, enquanto os caminhos da mentira falsificam nossa identidade afirmando sobre nós o que não somos. Dessa forma existem mentiras que parecem verdades e verdades que parecem mentiras.

A vida que você vive é a Verdade ou a Mentira? A Verdade está baseada no que nós somos, já a mentira está baseada no que nós queremos. O que nós somos é a realidade e o que nós queremos é a hiper-realidade. Por exemplo: enquanto a verdade diz que nós somos Criaturas a mentira diz que somos Criadores; enquanto a verdade diz que somos pequenos e limitados, a mentira diz que somos grandes e eternos; enquanto a verdade diz que devemos cuidar do mundo que nos foi confiado, a mentira diz que devemos aproveitar descontroladamente o máximo de tudo; enquanto a verdade diz que existe algo maior que governa nosso mundo; a mentira diz que nós governamos; e assim a verdade e a mentira estão lutando continuamente.

A partir dessa realidade vamos examinar o texto de Mt 4:18-20 onde a questão da verdade e da mentira estão em combate diante de nosso Senhor Jesus Cristo que nos revela três lições sobre a verdadeira vida.

A primeira lição que nosso Senhor revela é que a verdadeira vida está configurada socialmente. “Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores” Mt 4:18. As forças da verdade dizem que as pessoas que Jesus procura são pessoas simples, cuja vida está configurada socialmente, são pescadores, padeiros, frentistas, professores, cobradores e todos que desejarem; entretanto as forças da mentira estão o tempo todo dizendo que não, que Jesus busca adoradores, sacerdotes e profetas, pessoas preparadas. Mas não é bem assim, a atitude de Jesus é muito relevante – Ele não foi buscar discípulos no Templo ou na Sinagoga – Se existia um lugar com homens e mulheres de Deus era o Templo e a Sinagoga, mas Jesus vai ao mar da Galiléia e chama pessoas simples para serem seus discípulos.


Quais forças estão dirigindo sua vida? As forças da verdade dizem que você pode ser o discípulo de Cristo, independente de sua profissão, de seu zelo religioso ou de sua cultura, Jesus prefere os simples. Mas fique atento, pois as forças da mentira rondam a Igreja do Senhor e procuram afastar os simples de sua obra. As forças da mentira buscam os “melhores”; os “mais bonitos”; os que “falam com eloquência”; mesmo na Bíblia vemos que o sacerdote Samuel foi enganado pelas forças da mentira quando procurou o mais forte, ou o mais bonito e no entanto Deus lhe revelou Davi, o mais simples. “1Coríntios 1:27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”

A segunda Lição que Nosso Senhor revela é que a verdadeira vida é reconfigurada por Cristo. “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mt 4:19. O chamado de Jesus aponta para algo maior, para uma reconfiguração da vida. As forças da verdade são inspiradas pelo verdadeiro evangelho de Cristo que aponta para a transformação de Vida, para reconfiguração da vida. Em oposição estão as forças da mentira criando um evangelho que não precisa de transformação, que não exige mudança de vida, superficial. As forças da mentira suavizam o chamado de Cristo, dizem que o chamado é para aceitá-lo e adorá-lo, as forças da mentira encontraram no “culto” um poderoso aliado, pois reduzem toda a vida cristã à momentos de “culto”. Esse é o principal conflito de nossas vidas: Deixar que Cristo reconfigure nossa direção, nos tornar mais que pescadores, “pescadores de homens”. O Chamado da verdade aponta para algo maior, para o reino messiânico de Cristo, para a verdadeira esperança da vida, para a verdadeira vida. Entretanto o chamado da mentira aponta para si mesmo, para um reino construído por esforços humanos, que glorifica apenas a si mesmo falsificando a verdade em mentira, testemunhando de poderes passageiros (curas, bênçãos, milagres) e ignorando poderes eternos (salvação, vida com Cristo, Nova vida).

O Chamado de Jesus não é para uma solução passageira, mas para reconfiguração da vida. Qual o significado da sua vida? Se você pudesse resumir sua vida em uma palavra, qual seria? Jesus não veio formar Sacerdotes, Levitas, Fariseus, ou qualquer outro alienígena, antes desafiou os discípulos à reconfiguração de sua vida; desafiou os discípulos à reencontrarem o sagrado em suas vidas; desafiou os discípulos a olharem para os lados e se importarem com o próximo. Essa é a verdadeira vida: A reconfiguração dos caminhos em Cristo, pois somos Nova Criação.

Não deixe que os poderes da mentira seduzam você com suas bênçãos e prêmios passageiros. Não deixe que a mentira roube o sagrado de seu coração com valores superficiais de Deus. Não permita que a mentira usurpe o seu desejo de mudar de vida, de transformar-se numa pessoa segundo a vontade de Deus, afirmando que não é necessário mudar. Não permita que a mentira se instaure na sua vida com valores e caminhos que não são os de Cristo, produzindo vidas medíocres, que apenas vão há igreja aos domingos e participam dos rituais, não participando da verdadeira vida de Cristo.

Antes deixe que sua vida seja Cristo “Filipenses 2:21 Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro”. Gálatas 2:20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.


A terceira lição revelada por Jesus nesse texto é que a verdadeira vida está em Cristo. “Mt 4:20 Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”. A necessidade de modo geral nos leva para a Igreja, somos abençoados, gostamos do ambiente e ficamos. Essa não é a mesma atitude dos pescadores. O que levou-os a uma mudança de vida? A uma reconfiguração de sua existência? Foi o reconhecimento de Deus. Muitas pessoas “na Igreja” não mudaram de vida, ou seja, não tiveram sua existência reconfigurada, por não reconhecerem o chamado de Deus, e assim, continuam com suas velhas redes de pesca. As forças da mentira imperam por meio das vidas superficiais; dos crentes sem compromisso com Cristo; pelas relações de troca e barganha com Deus. A mensagem de uma nova vida em Cristo desapareceu dos púlpitos, foi trocada pelas mentiras de que a nova vida em Cristo é uma vida próspera. Não há mais encontro com Cristo, os crentes não querem encontrar Cristo, pois exige mudança de Vida. As forças da mentira levam os crentes a desejar encontros apenas com as bênçãos de Cristo. “Queremos a salvação, mas não queremos a Cruz”. Não há reconhecimento de Deus em Cristo. Dizer que Cristo é o Senhor e não viver a fé Cristã, escondendo-se atrás dos compromissos seculares, das fraquezas da Igreja e dos problemas de nossa sociedade é o mesmo que viver sem Cristo.

Conversão é encontro real com Cristo e principalmente reconhecimento de Deus na construção de nossa existência. No reconhecimento de Deus nosso pecado vem à tona. Quando o profeta Isaias esteve diante de Deus exclamou: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros [...]” Is 6:5; Paulo diante de Cristo cai prostrado e cego; e nós como nos comportamos diante de Cristo? As forças da mentira fazem com que diante de Cristo não reconheçamos a presença de Deus, enquanto que as forças da Verdade transformam nossas vidas diante de nosso Senhor “1Coríntios 3:18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”.

Encontrar Cristo é perder-se, “Estou perdido!” disse Isaias; é perceber quem realmente somos, encontrar a verdadeira vida e descobrir qual é a falsa, qual é a vida de mentira. O apostolo Paulo escreve essa verdade aos Colossenses 3:2-4 “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória”. A verdadeira vida não essa que agora vivemos, essa é a vida da mentira. Nossa vida verdadeira está oculta em Cristo. A vida da mentira depende das coisas naturais, é passageira, superficial e frágil, enquanto que a vida verdadeira é poderosa, atemporal e incorruptível em Cristo. A vida da mentira passará, mas a vida verdadeira será manifestada quando Nosso Senhor se manifestar em glória e a glória de Nosso Senhor será a nossa glória.

Por isso os discípulos deixaram imediatamente suas redes e o seguiram, porque reconheceram suas verdadeiras vidas ocultas em Cristo. Os discípulos entenderam que a vida que viviam era a vida da mentira, a ilusão da falsidade que não poderia dar nada além das sensações presentes. Nossa verdadeira vida está oculta em Cristo.

“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”.

Diante do exposto é preciso entender que existe uma batalha sendo travada entre as forças da verdade e da mentira tentando dizer quem você é ‘um simples pescador” uma pessoa que vive apenas para si própria, para atender os caprichos de uma vida superficial e frágil ou “um pescador de homens” uma pessoa que entendeu que sua vida está para além dessa realidade, que sua vida verdadeira está oculta em Cristo e se manifesta nessas três lições:

1) A vida verdadeira está configurada socialmente. Jesus busca pessoas simples para lhe servir, enquanto que a mentira tenta nos seduzir ao descaso e ao abandono pois afirma que Jesus busca apenas os especiais.

2) A vida verdadeira deve ser reconfigurada por Cristo. O verdadeiro sentido da vida está no reconhecimento de Cristo diante de nossa vida. Enquanto que a mentira tenta afastar o crente do reconhecimento de Cristo em suas vidas, produzindo vidas superficiais e fracas, falsificando o evangelho e configurando relacionamentos irresponsáveis (que não podem responder por si) diante de Deus.

3) A vida verdadeira está em Cristo. Essa vida que vivemos não é nossa verdadeira vida, não passa de uma ilusão. Nossa verdadeira vida está oculta em Cristo. Essa é a vida que devemos viver. Enquanto que as forças da mentira criam novas formas de vida vinculadas à ilusão, tornando-a realidade.

As forças da mentira fazem com que os crentes vivam a verdade de Cristo de tal maneira que se torna em mentira e a falsa vida de mentira de tal forma que se torna em verdade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

JESUS AMA OS FEIOS

Escolhi começar desse tema para abordar uma questão fundamental para a Vida Cristã, a estética. A estética é campo filosófico muito próximo da ética. A partir da estética são revelados nossos conceitos de belo e feio, e por conseguinte de mal e mau e bem e bom. Qual a relação do ministério com estes conceitos?
Uma das lições mais importantes do meu ministério foi adquirida em meio a forte crise. Nossas noções de estética entendem que o saber é algo belo, que o conhecimento cativa e atrai, enquanto o feio não é desejado por ninguém. Ninguém almeja o feio para sua vida. Não buscamos o feio em nada: Nossa alimentação tem de ser com o que há de mais bonito, nossas forma de vestir, nossas palavras, nossos sonhos, nossas vidas. O Belo está em tudo. Em todas as coisas, inclusive em nossos ministérios. Mas esse conceito de Belo possui apenas meia verdade. Existem situações em que o conhecimento e o saber deixam o belo e passam a atuar no feio. Momentos em que o melhor é destrutivo. Situações em que o conhecimento ofende, retrai e destrói. Como algo bom pode destruir? Como o belo pode ofender? Como o belo pode afastar? Como alguém pode ser ferido pelo Belo?

No afã pelo Belo descobrimos a oposição ao feio. Ser bonito implica em que os diferentes são feios. Essa é uma das maiores armadilhas do ministério: querer ser bonito. Quando tentamos ser bonitos, buscamos os conceitos do belo em nossas vidas entendendo que assim teremos um “belo” ministério, acabamos por destruir nosso ministério, pois colocamos todos os diferentes sob o julgo do feio.

“Isa 53:2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos”.

Quando olhamos para Jesus nos perguntamos: Por que nosso salvador escolheu ser feio? Por que nosso salvador escolheu nascer numa manjedoura? Lc 2:16 Viver no interior e não na capital? Mt 3:13 Estar entre pobres Mt 11:5 os pecadores Mt 9:10 e não entre os santos? Falar nos montes, nas casas e nas ruas e não nos púlpitos e nos grandes templos? A resposta está na relação de Jesus com o Feio. Ele não foi o Belo que destroi o feio, mas o feio que se identifica com o feio. Como estariam os pecadores se Jesus não tivesse se misturado com a parria? Como estariam os pobres se Jesus tivesse nascido em berço de ouro? Como estariam os leprosos se Jesus se afastasse deles? A verdade é que não existe ministro do belo. O verdadeiro ministério é o do feio. Quando o ministro busca o belo em sua vida destrói a vida dos que lhe são próximos, e fica impedido de ministrar. Mas no feio, por outro lado, existem amplo espaço ministério.

A verdade que aprendi é que ao buscar o belo destruo os relacionamentos ao meu redor, e por outro lado, sempre que me coloco no feio, o ministério se desenvolve. Sempre que demonstro meu grande conhecimento torno-me um desconhecido e sempre que oculto meu conhecimento as pessoas se abrem para me conhecer. Esse é o ministério de Jesus, a ocultação do Deus Belo que condena o feio na revelaçao do Deus Feio que se identifica e absolve a todos. O Belo é horrível pois ofende o feio. Assim como Jesus devemos abandonar nossos conceitos de Belo Fp 2:5-11; entendendo como Ele que o oposto do “Belo ministério" é o "ministério do servo", do escravo que é fiel até a morte.


Como exercer o ministério no feio? Simples, ocultando nosso Belo em Cristo. Para que meu ministério seja Belo é preciso que eu seja feio em e como Cristo. É no horror da Cruz que a beleza da Salvação é revelada. Esse é o segredo dos grandes e abençoados ministérios que acontecem na vida de pessoas simples e humildes.

Nosso "Belo Conhecimento" deve ser sacrificado pelos que não tem conhecimento, nossa "Bela Capacidade" deve ser sacrificada pelos que não tem capacidade, nosso "Belo modo de falar", pelos que não sabem falar; nosso "Belo modo de vestir", pelos que não tem como se vestir; nosso "Belo modo de sentir", pelos que não podem sentir; nosso "Belo modo de comer", pelos que não podem comer; nosso "Belo modo de cantar", pelos que não sabem cantar; nosso "Belo modo de congregar", pelos que não podem congregar; nosso "Belo modo de conhecer a Deus", pelos que não o conhecem. Esse foi o Belo ministério de Cristo: tornar-se feio por nós para que fossemos Belos e esse é o nosso ministério, sermos feios como Jesus para outros também tenham a oportunidade de ser Belos.

Isa 53:5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PENTECOSTAIS: CRISE DE IDENTIDADE

Atualmente os pentecostais estão vivendo uma grande crise de identidade, o que é ser pentecostal? Seguir a Cristo mesmo que isso custe a própria vida, ou seguir a Cristo para "Melhorar de Vida"? No vídeo abaixo está um a das principais cenas da crise atual em que vive o Pentecostalismo:



Neste vídeo, Silas Malafaia, ministro do Evangelho e líder na maior Igreja Pentecostal do Brasil e do mundo assume publicamente sua posição à favor da "Teologia da Prosperidade", que conforme estudo nesse mesmo blog, é considerada teologia de Satanás: 1) Tentou Jesus com a transformação das Pedras em Pães; 2) Tentou Jesus com a proteção dos anjos contra todos os males; 3) Ofereceu todas as riquezas do mundo. A teologia da prosperidade segue os mesmos princípios Anti-Cristo, 1) Oferece a transformação de todos os problemas em bênçãos; 2) Proteção angélica contra todos os inimigos; 3) Oferece todas as riquezas. Princípios que, como nosso Senhor, também devemos recusar, pois são de Satanás. (Para outros vídeos de Silas Malafaia apoiando a teologia da prosperidade e a Bíblia da Prosperidade ver you-tube)


A crise de identidade tem feito com que vários líderes e irmãos de nossas igrejas pentecostais deixem de ser pentecostais e passem a seguir novos movimentos baseados em prosperidade. O que é ser um Pentecostal?

O Verdadeiro Pentecostalismo e a Crise de Identidade

O pentecostalismo atual tem muito pouco em relação ao autêntico movimento pentecostal. O que aconteceu com aquele pentecostalismo autêntico dos dias da minha conversão? Qual pentecostal de nossos dias não fez essa pergunta? Quando me tornei pentecostal fui atraído por uma fé relevante, capaz de mover céus e terra, que não se importava com questões financeiras, que possuía a oração e a evangelização como maiores princípios da vida cristã. O que aconteceu com aquelas pregações que falavam sobre renúncia, consagração, crucificação do velho homem? Como sinto falta das mensagens sobre a Cruz de Cristo, das músicas que nos levavam à contrição, devoção e entrega.

Às vezes, quando estudo a história dos pentecostais fico imaginando o que homens como William Seymor, Gunnar Vingren e Daniel Berg diriam diante do Pentecostalismo de hoje. Isso para não falar do Apostolo Paulo, Pedro, João os discípulos e mártires da Igreja Primitiva e histórica e principalmente nosso Senhor Jesus Cristo.

Com certeza os pentecostais estão em Crise! Há uma crise de identidade. Um dos maiores males da pós-modernidade é a destruição das identidades (Giddens, A. 1991). A seguir esboçarei algumas das principais afrontas à identidade Pentecostal.

1) Fragmentação da Identidade. O advento da internet e a mega-expanção dos meios de comunicação destruíram o conceito de tempo. Sem barreiras temporais dizendo o que é passado e presente as identidades tornam-se mistas, não discernem presente e passado, novo e velho, bom e mau, certo e errado (David Harvey 1993). Com esse movimento as igrejas pentecostais perderam o sentido de origem, seu vínculo com seus pais, com seus fundadores. Uma igreja sem vínculo com seus fundadores é uma igreja sem passado. Todo o foco está no presente, todo dia a igreja é algo novo. Os vínculos são considerados como prisões. Assim, os crentes não estão preocupados com o porvir, mas apenas com o "aqui e agora". As bênçãos futuras em Cristo estão sendo trocadas por bênçãos presentes. O problema não são as bênçãos presentes, mas a aniquilação das bênçãos futuras e de sua razão que está no passado. Quando o pentecostal para de viver em função de Cristo: redenção na Cruz e principalmente a Segunda Vinda, no rapto, deixa de ser pentecostal, pois essa é uma das principais características dos fundadores do Pentecostalismo Moderno. O vídeo acima está mais preocupado com a situação do "aqui e agora", fazendo falsas promessas em nome de Deus, adulterando as escrituras e colocando palavras na boca de Deus.

Gálatas 1:6-9 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.

2) Superficialidade da Identidade. O Sociólogo Alain Renaud (1990) afirma que o processo de relacionamento com a imagem produziu um novo homem: Homem Quadro. Vivemos a era das video-culturas. O ser pós-moderno se realiza e identifica a verdade apenas em observar a imagem do real. Quantas pessoas que assistiram o vídeo acima se interessaram em saber o que realmente esta acontecendo? Quem são as pessoas que estão falando? Qual a sua intenção? O "Dr.Morris Cerullo" por exemplo, qual o vínculo com o Pr. Silas Malafaia? Quantos sabiam que alem de ser o comentarista da nova Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira lançada pelo Pastor Silas Malafaia é o autor da famosa frase proferida na mensagem "The End Time Manifestation of the Sons of God": Morris Cerullo diz que “o propósito de Deus foi de se reproduzir (...) vocês não estão olhando para Morris Cerullo, vocês estão olhando para Deus, vocês estão olhando para Jesus”, isso para não mencionar o escândalo financeiro em que está envolvido e sendo investigado. Os pentecostais perderam a noção de identidade! Será que a santidade ainda é o principal requisito para um pregador fazer uso da palavra? Ou será que os diplomas e a oratória substituíram a Oração e o Jejum? Pessoas sinceras e cheias de Deus, se não souberem "falar bem", não tem mais oportunidade de pregar. Os irmãos sinceros, cheios de Deus são trocados por mega-pregadores e Mega-star's da música Gospel. O que realmente é importante? A forma de falar ou a palavra falada, o próprio Paulo foi considerado fraco de presença 2Co 10:10; A vida com Deus ou a quantidade de Bens que acumulou? Desde quando o que interessa é a palavra e não a vida? Toda palavra sem vida mentira.

Ser pentecostal é buscar incessantemente por santidade, oração e vida com Deus mediante ação do Espírito Santo, e não o buscar riqueza, domínio, poder e status. O Pentecostalismo moderno nasceu com pessoas simples, como William Seymour pregando na calçada e usando duas caixas de laranja como Púlpito, sendo ridicularizado e desprezado, mas certo do poder de Deus e de sua missão. Essa é a verdadeira mensagem pentecostal, de mudança de vida, de vigiar, de orar sem-cessar, de se consagrar, do Espírito e da missão, em nenhum momento o pentecostalismo original, seja bíblico ou moderno, afirmou que pobreza é maldição, ou que devemos pagar para receber bênçãos. Por isso irmão, fuja dessas ações Anti-Cristo.

João 15:2 Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.

3) Morte do Sujeito. F. Jameson (1984) afirma que na pós-modernidade o sujeito como indivíduo foi substituído pelo sujeito global. A identidade pentecostal está sendo trocada pela identidade tele-dirigida. Os aparatos modernos estão fazendo com que o sujeito pare de pensar e confie sua vida à terceiros. O Pentecostal sempre foi alguém que, com convicção da verdade, se impôs a toda afronta de Satanás, mas atualmente, com o envolvimento de líderes e estudiosos da bíblia em teologias não-Bíblicas, a verdade está ficando turva, nublada. Mais do que nunca o pentecostal deve redescobrir sua identidade e abraçar sua bíblia como fonte de Vida. Concentrar toda sua força em viver os evangelhos foi uma característica marcante do pentecostalismo moderno. Assim muitos hoje vivem como mortos por que tem trocado Cristo por outras coisas Lc 9:59; por bens materiais, sua vida em Cristo está morta, pois não é Cristo e seu evangelho quem dirige sua vida, mas a maioria não pensante. "Se todo mundo faz eu vou fazer também!", é uma afirmação bem perigosa, Jesus ignorou todo mundo e concentrou sua vida na vontade do Pai, o que também devemos fazer.

Mateus 22:29 Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.

4) Identidade Realizada. O Sociólogo Z. Baumann (1997) afirmou que a pós-modernidade produz uma mudança na identidade, transforma-a em identidade realizada. Quando o pentecostal, assim como o sujeito, passa a viver a identidade realizada, perde o sentido natural de sua vida e passa a viver em função de algo. O ser é o que ele faz. A pessoa passa a viver em função de seus sonhos, de seus desejos, de tudo que lhe é imposto como cidadão. Ou seja, o cidadão feliz é aquele que tem um bom salário, uma linda esposa, um carrão do ano, uma bela casa, um apartamento na praia, e que goza de todos os benefícios da vida. O problema não é a prosperidade, mas a prosperidade como modelo. Os modelos fazem com que a pessoa se esqueça de sua natureza, começam a juntar tesouros que em uma vida de quinhentos anos não conseguiriam gastar. Vivem estressadas buscando alvos que não condizem com sua natureza, mas que se reportam à identidade realizada. Assim muitos crentes nem sabem mais para que são crentes, ou por que foram criados, sua constituição e natureza. As ansiedades e desejos não estão voltados para sua nova natureza, mas para a identidade realizada. Não buscam as coisas de Deus, mas apenas as suas próprias. O pentecostalismo autêntico tem sua natureza claramente identificada, não pertencem à esse mundo, estão aqui, mas não pertencem à essa realidade.

Colossenses 3:1-2 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;

5) Esvaziamento do Sujeito. O Sociólogo A Giddens (1991), assim como K Marx, defendem que o dinheiro é uma força simbólica que esvazia os valores sociais. O dinheiro atua em nossa sociedade como uma "prostituta universa" um meio de troca que nega o conteúdo dos valores substituindo-os por padrões impessoais. Assim o pentecostalismo está trocando seu relacionamento com Deus de transformação de vida, por um relacionamento impessoal de transformação de realidade financeira. As compras de bênçãos são cada vez mais presentes nos púlpitos das igrejas pentecostais. Isso para não falar nas barganhas comerciais com Deus, nos socorros financeiros e tudo mais. Buscar Deus em situação de crise não é errado, mesmo em crise financeira, o problema está em esvaziar a vida cristã e propor uma vida superficial baseada apenas na troca. Por que você ama a Deus? se a resposta for: porque Ele me abençoou! Toda Bíblia, e a graça e a cruz de Cristo foram esvaziadas pela benção financeira. Isso é visto nos testemunhos que só relatam bênçãos financeiras, não vemos mais testemunhos de conversão. Outra cena comum é nos agradecimentos. Quando o crente recebe uma benção financeira fica imensuravelmente grato e anuncia sua "vitória" à plenos pulmões, já a benção da salvação, da vitória de Cristo que conquistou sua vida na cruz não é anunciada e geralmente nem mesmo lembrada. O autêntico Pentecostalismo não é assim, ele é vivaz proclamador do evangelho, da salvação e da graça de Cristo como mensagem principal, não deixa que outras mensagens ofusquem o evangelho de Cristo.

Atos 1: 8 mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

Conclusão
Nossa intenção com esse artigo não é denegrir ou marginalizar, mas principalmente alertar. Acredito piamente que homens como o Pr Silas Malafaia e o Dr e Pr Morris Cerullo são bençãos na obra de Deus, e que muitas pessoas chegam a Cristo por meio de seus ministérios, entretanto é preciso ter firme a certeza do verdadeiro evangelho e a razão de nossa identidade pentecostal, porque muitos modismos, teologias e ventos de doutrinas tem atingido nossas igrejas e alterado a identidade do povo pentecostal.

A Crise de identidade é a fragmentação, superficialidade, realização, esvaziamento e morte do sujeito. Esses elementos tem destruído o testemunho pentecostal e confundido a cabeça de muitos. Assim, nesses tempos é necessário acima de tudo vigiar para que não percamos nossas raízes e destino, para que nossa identidade não caia no superficialismo ou na realização, ficando presa em ativismos e ações alheias à nova criatura que agora somos, que em todo tempo pode tornar-se vazia de Cristo e morta em si mesmo e em suas próprias forças.

Que Deus nos abençoe a ajude nesse momento difícil para que o pentecostalismo de nossos pais possa reacender em nossas vidas.

Eduardo Sales


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Da Cruz ao Cruzeiro: Teologia da Cruz x Teologia da Prosperidade


     O video acima montado por John Piper sobre Teologia da Prosperidade é muito relevante para nossos dias. A Teologia da prosperidade não é nova, está atuando no Brasil a um bom tempo. Com suas mensagens positivistas e seu conteúdo narcizista tem conquistado adeptos em todas as instituições religiosas principalmente entre pentecostais e neo-pentecostais. Recentemente ouvi uma propaganda que me deixou alarmado: "Um Cruzeiro Teológico". Uma instituição educacional de teologia propôs a seguinte atividade:


"Um Cruzeiro organizado pela agência de turismo Lexus Viagens, o cruzeiro evangélico que acontecerá entre os dias 5 a 9 de abril de 2010 rumo ao nordeste trará um congresso teológico voltado a cerca de 3 mil líderes cristãos. Entre os preletores, os nomes confirmados são: Russel Shedd, Gershon Norel, Adolf Roittman. O evento, aberto ao público em geral, ainda terá apresentações musicais do saxofonista André Paganelli, Rayssa e Ravel e Ministério Nova Jerusalém. Inusitado, diferente e com atuação em diversas frentes, o CIT 2010 apresenta um completo programa de palestras, apresentações musicais e uma central de negócios para exposição de produtos, novidades e grandes lançamentos a bordo do sofisticado navio MSC Orchestra".

Não tenho nada contra cruzeiros, nem contra férias, lazer ou distrações, entretanto quando o centro do evento é a Teologia, algo parece estar errado! A primeira pergunta que faço é se Jesus iria num cruzeiro destes? ou pior, será que Nosso Senhor promoveria ou autorizaria tal empreitada? A grande verdade é que os cristãos, mesmo os "mais cultos", influenciados pela teologia da prosperidade, estão trocando a cruz pelo Cruzeiro; a Igreja pelo Clube; a Conversão pela adesão social; a Fé pela segurança na Tradição Religiosa; o Conhecimento de Deus pelo Conhecimento de Teologia.

Nos próximos artigos apresentarei como a Teologia da Prosperidade está destruindo a visão de Deus. Como elementos relevantes como o Evangelho de Jesus; a Igreja; a Conversão, a Fé e o Conhecimento de Deus estão sendo trocados por similares, por elementos sem valor. Para essa compreensão lançarei mão da reflexão de sociólogos como Jean Baudrillard e Zigmunt Baumann aliados de "Teólogos de Verdade" como Dietrich Bonhoeffer; Juan Luis Segundo; J.Moltmann, Gianni Vattimo; Lutero e outros.

Evangelho da Cruz x Evangelho da Prosperidade

Qual é o centro do Evangelho: a Cruz ou a Salvação? Essa pergunta não é tão simples. Atualmente os crentes colocam o centro do evangelho na Salvação, como se essa existisse sem a Cruz. Essa confusão entre o Centro e o Resultado levou o cristianismo atual a se concentrar no Resultado e esquecer o centro. Assim, a Teologia da Prosperidade encontrou uma Igreja fraca, vazia de seu centro, essa disposição foi um prato cheio para a identificação da Salvação com a Teologia da Prosperidade. O Centro do Evangelho foi substituído pelo Fim.

O Centro do Evangelho: A Cruz de Cristo

Sem dúvida alguma o centro do Evangelho é a Cruz de Cristo. O Objetivo maior do ministério de Cristo foi a Cruz, o teólogo do Novo Testamento Oscar Culmann, em sua obra "Cristo e Política" defende que a principal tentação de Jesus era a negação da Cruz. Desde o começo de seu ministério Satanás tentou desviá-lo da Cruz. O Antigo Testamento aponta várias referências ao ministério sacrificial de Cristo. O teólogo Dietrich Bonhoeffer aponta em Cristo o ministério sacrificial que deveria ser o centro de fé da Igreja, afirma que Cristo deixou o ministério sacrificial como principal característica da Igreja. O teólogo católico Gianni Vattimo aponta a Cruz como modelo para teologia do novo mundo, como teologia que vive a realidade do homem e que através dessa vida une o homem à Deus. De forma mais simples podemos perguntar se existiria evangelho se Jesus não fosse para a Cruz, se a fé haveria se manifestado sem a Cruz, se a igreja existiria sem a Cruz. Só podemos falar de Jesus se for pela Cruz. Sem a Cruz não podemos compreender Jesus. A Cruz ilumina a vida e ministério de Cristo e da Igreja. É pela Cruz que conhecemos a Cristo e pela mesma Cruz que somos conhecidos por Ele.

Não é a lei, nem a ética, nem a salvação, nem as curas, nem a libertação, nem a restauração dos homens o Centro do Evangelho. Jesus não é um curandeiro! Seu ministério principal não é a salvação social ou psicológica ou a restauração da saúde dos homens, mas a Cruz como rompimento com todo pecado enquanto rebeldia e afastamento do homem. De acordo como o NT sempre que Jesus realizava milagres não era visto como Deus, mas apenas como profeta Mt 21:11; Mc 6:15; Lc 7:16; Jo 4:19, e de outra forma, Jesus foi identificado como Deus apenas quando assumiu seu papel entre Deus e os homens pelo perdão Mt 9:1-8; Lc 5:21; conquistado na Cruz Mt 27:54; Rm 1:4; Gl 2:20.

A Salvação conquistada na Cruz não é algo estático. Não é um prêmio ou uma bênção, mas a vida no Reino. A confusão está em identificar a bênção do reino com a Salvação. Para o apóstolo Paulo a benção do Reino era a presença de Cristo Fp 1: 23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. A salvação é estar com Cristo, as bênçãos são conseqüência. Por isso a Salvação não é algo estático, mas principalmente a vida no Reino de Deus com Cristo. Assim, no NT o termo Reino de Deus é usado várias vezes como sinônimo de Salvação. Mt 19:24 E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mc 9:47 E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno; Mc 10:15 Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. A Salvação envolve uma dinâmica de Vida muito diferente da idéia de Salvação pregada pela teologia da Prosperidade.

Desde o AT a Salvação é manifestada como Reino de Deus. Assim, embora o povo considerasse, a Terra prometida não era o mais importante, mas a presença de Deus Ex 33: 15 Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Essa presença também é pregada na mensagem de João Batista quando leva o povo para o Deserto, pois o deserto, na teologia do Antigo Testamento é o local onde tudo começou, onde Deus fez aliança e concerto com o povo Os 2: 14 Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. O reino de Deus é a Salvação desejada no Antigo e Novo Testamento. Nas palavras de Jesus a seus discípulos é a presença de Cristo no Reino a promessa escatológica Mateus 26:29 E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. Quando Jesus fala ao Ladrão da cruz: Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso, o centro é a presença de Cristo e não o paraíso em si.

Essa salvação se manifesta pela fé antropológica (Juan Luis Segundo). Ou seja, uma fé viva, a fé que transforma, que muda a vida, que dá outra direção. Esse é o sentido da cruz, dar nova direção, provar que a direção da lei é fraca, que as obras para salvação são insuficiências, que o ritual e a sabedoria não conseguem enxergar o que está à sua frente, o próprio Deus. A Cruz é a reconstrução do homem para uma nova vida. Não há vida fora da cruz, pois fora da cruz só existe o homem e suas obras.

No AT essa fé é caracterizada pelo termo "arrepender-se", não por abandonar as velhas obras, mas por mudar de vida, a principal característica do pecado no AT é o (Pésha – Rebelião) arrepender não é esquecer e parar com as práticas do passado, mas envolve uma mudança completa de disposição. Para retratar essa realidade os profetas usaram termos como “convertei-vos; Tornai a Deus; Arrependei-vos”. No NT essa fé não é caracterizada pelo termo fé, mas principalmente pelo termo "segue-me". É preciso observar que Jesus e os escritores do NT usa o termo fé de formas diferentes, mas que a fé para a salvação está ligada principalmente ao pecado como rebelião. Assim, os discípulos são taxados de “pouca fé” num sentido diferente do empregado por Jesus quando diz “Segue-me”, nessa expressão Jesus está convocando a fé que luta contra à rebeldia e desafia à uma nova vida. Quando a fé (teórica, confessional e religiosa) é confrontada com a Cruz não possui sentido em si, e torna-se um elemento estranho ao centro do evangelho, mas quando a fé é retratada como a fé viva, direcionadora e transformadora, que combate contra a rebeldia interior (fé antropológica) torna-se uma com a Cruz. A fé só tem sentido diante da Cruz se produzir transformação.

Foi o Apostolo Paulo, quem melhor interpretou a cruz como centro do Evangelho. A Cruz é o centro do evangelho no qual nossa vida está oculta Cl 3:3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.

Teologia da Prosperidade:
Quando o Fim torna-se o Centro.

Como várias outras heresias da pós-modernidade a Teologia da Prosperidade nasceu nos EUA na década de 40 e ganhou relevo em 60 e no Brasil em 1970. Seu principal desenvolvedor é Kenneth Hagin, que foi Batista tradicional, passando para a Assembléia de Deus até 1949, quando tornou-se pregador itinerante. Em 1962 fundou seu próprio ministério. Na década de 70 Hagin e Copeland (discípulo de Hagin) radicalizaram com a doutrina do retorno centuplicado do dízimo (MARIANO R. 1999:152); Hoje são inúmeros pregadores, em quase todas as religiões, dentre os principais neopentecostais estão: Hagin Jr.; R. Schuller; Charles Capps; Benny Hinn; e outros.

A primeira doutrina que Best Seller evangélico foi o livro “Há poder em suas Palavras” (Don Gosset, ed. Vida) Onde são apresentadas as principais doutrinas da teologia da Prosperidade como Confissão positiva, Declaração de direitos; o crente deve decretar; Libertação financeira; Saúde; prosperidade; etc...Tudo isso justificado na Cruz de Cristo. As Benção são direitos adquiridos no Sacrifício de Cristo.

No Brasil várias Igrejas e ministérios tem utilizado essa potente ferramenta como meio de arrecadação financeira. Em geram essa mensagem é encontrada nas igrejas neopentecostais como um todo e muitas igrejas pentecostais, preocupadas com a evasão de crentes para essas denominações, também estão aderindo à esse movimento. Recentemente algumas igrejas Tradicionais também estão usando a teologia da prosperidade.

Teologia da Prosperidade: Principais Chavões Teológicos

“Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”

“Nunca vi um justo mendigar o pão”

“Tudo que pedires em meu nome, crendo, recebereis”

“Você é Filho de Deus, por isso Tem o Direito de ser abençoado”

“Você deve Decretar a benção de Deus em sua vida”

“O servo de Deus não deve sofrer”

“Seus inimigos serão confundidos, e você será vitorioso”

“Tudo Coopera para o Bem dos que amam a Deus”

“Trazei os dízimos à casa do Senhor e Ele repreenderá o Devorador”

Teologia da Prosperidade: Principais Bases Teológicas

A lei da Semeadura: Tudo que plantares colherás com abundância.

O Objetivo da Vida é a Felicidade: Tudo coopera para o seu Bem.

O Assunto mais importante da Bíblia é o Dinheiro.

Teologia da Prosperidade: Principais Erros

1 – A Teologia da Prosperidade não é Pentecostal. As principais características do moderno pentecostalismo e também do pentecostalismo bíblico são a entrega total, a desvalorização do mundo em relação à valorização do reino de Deus. A mensagem do pentecostalismo moderno com William Seymour, pastor da Igreja de Rua Azuza, pioneiro do pentecostalismo, estava vazia de valores de prosperidade e revestida de espiritualidade, oração, jejum, buscar o Espírito Santo, oração por cura, aceitação de qualquer pessoa em qualquer estado para viver o evangelho, para pregar a fé. Amado (a) Irmão (ã), peço do fundo do coração que você rejeite esse corpo estranho na Igreja em que você congrega, exija o evangelho autêntico de Cristo.

2 – O Maior problema teológico está na mudança do centro. No envangelho o centro é a cruz, na teologia da prosperidade é a Salvação, as Bênçãos, os dons e dádivas de Deus. Essa mudança de centro faz com que as pessoas se afastem de Cristo e busquem apenas o fim da vida cristã. É o verdadeiro atalho para salvação, um caminho no qual não precisa passar por Cristo. Amado (a) não existem benção, ou cura, ou dádiva que não tenha passado pela Cruz de Cristo. Tudo que recebemos e receberemos deve passar obrigatoriamente pela Cruz. Assim, não aceite que o centro da vida cristã, do evangelho seja mudado, ignore as promessas que apenas usam nosso Salvador como se fosse uma moeda de troca e centralize sua vida em Cristo.

3 – Criação de uma Hermenêutica separada de Cristo. Os textos são interpretados independentes de Jesus. Cristo é a principal chave hermenêutica para interpretação da Bíblia. Assim, quando você ouvir:

“Tudo que pedires receberás” não se esqueça que o mesmo Senhor também disse: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua Justiça”;

“Por ser filho de Deus você tem o direito”, não se esqueça que Cristo como autêntico Filho de Deus abriu mão do seu direito Fp 2:1-10; que nos ensinou a ser como Ele e que todas as bênçãos que receberemos não possuem valor nenhum diante da Cruz de Cristo que é a maior dádiva de nossas vidas.

“Nunca vi o justo mendigar o Pão”, não se esqueça que Jesus foi o verdadeiro Justo que não mendigou o pão, mas que também não ajuntou riquezas, que não tinha lugar onde pousar a cabeça, que vivia das ofertas do povo e com isso vivia a vontade do Pai.

“Você deve decretar a benção na sua vida” não se esqueça que Jesus diante das tentações não transformou as pedras em pães, antes provou que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus.

“O servo de Deus não deve sofrer” lembre-se que nosso Senhor assumiu nosso lugar, viveu, sofreu e nos chamou ao discipulado Mt 10:24-25, dizendo que sofreríamos como Ele, e nos enviou como ovelhas no meio de lobos, e de todos os profetas e mártires do evangelho.

“Tudo coopera para o bem” e não esquecer que o bem é sempre a vontade de Deus e não a nossa, que “o bem” na vida de Jesus Cristo foi a cruz e não a gloria do Reino.

“Trazei os dízimos que o Senhor repreenderá o devorador” não se refere a outro fora de você mesmo. Que no contexto de Malaquias referia-se a um povo distante de Deus que precisava prová-lo para ter certeza de seu amor. Entretanto nós filhos de Deus que confiamos e vivemos seu amor temos a certeza da ação de Deus e a confiança que Ele mudará nosso coração como o de Davi, repreendendo o devorador.

Lembre-se que a Lei da Semeadura foi superada em Cristo. Que as obras perderam seu valor para salvação. E principalmente quão duro é o trabalho do semeador até que receba seu lucro, que muitas vezes não vem.

Que o objetivo da vida do Homem é a Felicidade em Cristo. Toda felicidade sem Cristo é ilusória e passageira, pois nossa vida verdadeira está oculta na Cruz de Cristo, e será revelada na ressurreição.

Por fim que o assunto mais importante da Bíblia não é o dinheiro. O termo “pecado” também aparece milhares de vezes na Bíblia, e nem por isso eu devo sair pecando. O fato de aparecer o dinheiro milhares de vezes na Bíblia é por sua afronta direta à Deus. O Dinheiro é identificado por Jesus como Mamon, como afronta direta à Deus: Não podeis servir a Deus e à Mamon.

Espero sinceramente que Deus te abençoe e ilumine para que nossa vida seja Cristo, para que a certeza de nossa Salvação seja a Cruz de Cristo, e assim, nossa vida que está oculta em Cristo se manifestará naquele dia, no dia em que Nosso Senhor vier e encontrar os seus trabalhando e servindo à seu exemplo e testemunho. Pois quem não aprender a viver com Cristo aqui na terra, dificilmente aprenderá a viver com Ele na ressurreição.

Texto Extraído do Livro : A Teologia da Cruz: Reposta para Crise do Cristianismo Pentecostal; Autor: Eduardo Sales de Lima  ( No prelo).

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ídolos Evangélico - Você também pode ser um!


     O ídolos é um fenômeno do pós-modernismo, o pastiche, quando assistir a vida passa a ser algo atrativo, so ídolos na realidade é um desenvolvimento do pastiche, onde a visibilidade da vida é envolta do talénto, e a busca frenética pela realização do "sonho" passa a ser o filme desejado por muitos. Mas será que existe algo como um pastiche evangélico? um ídolos evangélico? Um dos novos fenômenos da fé evangélica são os congressos, será que esse fenômeno é uma espécie de ídolos evangélico?. Alguns líderes da Igreja entendem que trata-se de um retorno à época dos grandes avivamentos, das mega-evangelizações de massa. Entretanto, para compreender o real sentido desse fenômeno é preciso observar com maior precisão.

1. O que é um Congresso Evangélico?
     O Dicionário Houaiss define congresso de forma geral como reunião, ajuntamento e nas rúbricas específicas, como reunião de especialistas para deliberação de assuntos relevantes a um determinado grupo. E na realidade evangélica? o que é um congresso? Alguns irmãos entendem como uma benção de Deus, outros que entrevistei disseram que a Igreja deveria realizar congressos todos os fins de semana. Também encontrei pessoas que não gostavam de congressos e outros que entendiam os congressos como uma gastação desmedida de dinheiro com o objetivo publicitário de divulgar o líder e o nome da Igreja. Diante dessas respostas quero propor uma análise sincera desse fenômeno para construção de uma resposta que seja relevante para a igreja atual.

2. De onde vieram os primeiros congressos religiosos?
     É interessante notar que os primeiros congressos surgiram como resultado dos grandes movimentos evangelísticos, das grandes evangelizações de massa. Entretanto há algumas diferenças:
a) Os grandes congressos evangelísticos de antigamente tinham como objetivo principal a evangelização, eram realizados em locais diferentes da igreja, veiculados com vários tipos de midia, possuiam um custo alto, mas o retorno era garantido, muitas pessoas se convertiam
b) Em contrapartida, os congressos da igreja de hoje possuem foco evangelístico? você já contou quantas pessoas se decidem por Cristo nos congressos evangélicos?
c) Tenho percebido que os congressos tornaram-se cultos à Narciso, todo foco dessas reuniões está voltado para a pessoa, para o líder, para a igreja, para o grupo representado, não há foco evangelístico. Os cartazes confeccionados geralmente são distribuídos apenas nas igrejas irmãs.
d) O único paralelo que encontro é o do custo. O custo dos congressos evangélicos é altíssimo, assim como as arrecadações dessas reuniões.


3. Para entender a questão financeira:
     Um congresso gasta aproximadamente de R$2000,00 à R$5000,00, isso de custo direto, sem contar com o custo de transporte, hospedagem e alimentação, que dependendo da atividade chega a girar em torno das dezenas de milhares de reais. Para nossa avaliação, ficaremos apenas com o menor dos números. Uma igreja evangélica realiza em torno de 2 a 4 congressos por ano. Vamos ficar com o menor dos dois. Agora imagine um campo evangélico de 70 igrejas. São 70 igrejas realizando dois congressos de R$2000,00 por ano, o que somará R$ 280.000.00 e 2.800.000.00 em dez anos (Duzentos e oitenta mil reais por ano, e o pior é que nesses congressos geralmente não há nenhuma conversão). Em um ano será gasto 280.000.00, o equivalente à aquisição e construção de três igrejas de aproximadamente 100.000.00 ao ano, ou ainda ao sustento anual de 20 missionários (1 missionário custa em média 12000,00 por ano), também o equivalente à 5.600 cestas básicas. Você já aquilatou quanto sua igreja tem investido em missão? 5000,00 por ano?  10.000.00 por ano? 100.000.00 por ano? e ainda assim 280.000.00 para alimentar a massa consumista evangélica. Será que os evangélicos se tornaram numa filosofia burgesa evangélica? Esses duzentos e oitenta mil reais são redistribuidos e transformados em cd's; dvd's; show's; festas e festivais, publicidade e marketing pessoal. Diante disso eu tenho somente uma pergunta: Que relação esse tipo de congresso tem com a Bíblia? com o Evangelho?  com Cristo?

4. Para entender a questão Espiritual:
     Existe um livros chamado "vampiros espirituais" esse tema é muito propício para entender a questão espiritual do congresso. O fenomeno do congresso é uma reunião diferenciada, algo que possui valor atrativo muito mais forte, entretanto um apelo voltado apenas para os crentes. Um jovem me disse que antigamente quando faziam congresso a cidade era evangelizada e convidada para o congresso, mas hoje somente as igrejas são convidadas. Sim, o fenômeno é evangélico e não evangelístico. Muitos crentes fracos, que vivem apenas dessas doses reforçadas de soro-espiritual para continuar vivas, dependem das motivações emocionalistas divulgadas nessas atividades. Não crescem, continuam sempre na mesma. Se acontecesse um congresso para evangélicos e ao término os crentes saíssem transformados, prontos à cumprir sua missão, à viver o evangelho, eu apoiaria com certeza, mas não é o que acontece. Geralmente, após o congresso, é precisso juntar o lixo, catar os cacos, pois durante o congresso aconteceram conflitos, diferenças, afrontas, divergências, intrigas, ofenças, fofocas, é um verdadeiro "inferno"; após o congresso são vários irmãos ofendidos e afastados que precisam ser visitados e na outra ponta está os iludidos, que se vinculam ao programa: Foi Lindo, foi maravilhoso, o culto foi uma benção, o louvor foi tremendo, a pregação foi direto do trono de Deus, mas suas vidas não são tranformadas, estão ligados apenas à liturgia, ao culto, o culto tornou-se sacramento, tornou-se poderoso em si mesmo, não estão vinculadas em Cristo, mas em pregadores, em cantores, etc... Uma prova clara disso é que se fizer um congresso e não chamar uma "estrelinha" um "idolos" um pregador e cantor mega-star, não virá ninguém ao congresso, mas é só divulgar que o mega-pregador virá e a igreja lota, que o mega-cantor virá e a igreja lota. É uma vergonha, não estão ligados em Cristo mas no movimento "Pop evangélico".

5. Para entender a questão Política.
     Outra questão relevante. Os congressos são divulgação de Cristo ou da estrutura da Igreja?  de Cristo ou de alguma personalidade. É interessante que quando há um congresso, os cartazes falam de todos, menos de Cristo, os cartazes apresentam fotos de todos os Ídolos da Igreja evangélica menos de nosso Senhor Jesus Cristo. Será que se os cartazes falassem de Jesus Cristo os crentes viriam ao congresso? A questão política é muito relevante, pois os congressos são formas de manipulação do povo e extração de recursos para fins políticos. O Povo carente de Cristo vai ao congresso em busca de realização de suas necessidades e recebem afirmação de que serão abençoados, receberam as graças de Deus, mas não encontram Deus, nem Jesus, apenas suas bençãos, não entendem que só recebemos as bençãos graças a Jesus. Toda Benção só chega até nós se for por meio da Cruz de Cristo, não há benção que chege até nós sem ele. O fator ideológico acontece quando a pessoa não é levada à Cristo, não é levada diante de nosso Senhor, nem levada à conversão. Todas as palavras de nosso Senhor que pedem transformação são ignoradas, apenas as palavras que atendem os desejos e anseios são reveladas, assim o povo é conduzido a pensar que será abençoado sem se relacionar com Cristo, sem ser discípulo, sem conversão e sem transformação. A manipulação levará essas pessoas a um estado de ilusória realização, confiança própria em suas obras, totalmente diferente da mensagem da Cruz. Quando estiverem confiantes em si mesmas entregaram suas economias para abençoar a "obra de Deus" que na realidade é a obra política.

6. O que eu Espero.
     Eu espero apenas em Cristo! Ele e mais ninguém é o nosso Senhor! somente Ele me atrai, me dirige, transforma minha vida, conduz e satisfaz. Não é da vontade de nosso Senhor que nos confrontemos, e criemos rivalidade, ou qualquer outro tipo de discenção, entretanto é preciso que olhemos nossa fé mais de perto, que analisemos nosso comportamento diante de nosso Senhor, nosso relacionamento com Cristo, com a Igreja e com o Mundo. Jesus nos libertou para sermos verdadeiramente livres, verdadeiramente servos apenas de Cristo. Portanto, amado irmão e irmã, se você partilha de alguma visão cativa de uma instituição humana, lembre-se de levar nossa mente cativa apenas à Cristo, nosso Senhor, não vos torneis vítima, presa de qualquer desses vícios evangélicos que tentam retirar Cristo da sua vida. Ainda que lhe ofereçam o mundo, ou todas as coisas, todas as bençãos ou ainda que digam que se você comprar uma bíblia por R$900,00 (como alguns líderes tem ventilado) para ser abençoado, fuja! pois esse não é o céu e sim  o inferno, pois no céu está nosso Senhor que já nos conferiu, gratuitamente, a salvação e todas as bençãos de Deus. Assim, espero sinceramente que você encontre Jesus e que na caminhada da fé possa resistir às tentações do vício narcizista evangélico, às tentações do egoísmo e da satisfação de todos os teus desejos, pois a fé deve estar baseada na satisfação da vontade do Pai. Amém!
Pf. Eduardo Sales de Lima
Mestre em Teologia do NT       

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Relevância do Profestismo Hebreu para a Igreja


Não perca, estudo em Power Point na guia:
Estudos: Teologia Biblica

Família: As Linguagens do Perdão


Não percao Estudo em Power Pointer,
na guia Estudos: Família.

Igrejas de Deus, Palavras de Satanás

Uma análise da Igreja atual à luz de Mt 4:1-11


Nessa época de Crise, podemos dizer com certeza que vivemos uma grande crise na Igreja. A crise da Palavra. Como visto no tópico anterior, as palavras de Jesus estão sendo substituídas pelas palavras de Satanás. No texto de Mateus 4:1-11, na tentação de Jesus aprendemos três palavras que Satanás usou para tentar nosso Senhor e que também usa para tentar a Igreja.
A primeira Palavra é a solução para todas as necessidades.

"se quiseres podes transformar pedras em pães". Essa tentação a Jesus foi um confronto direto às suas necessidades mais profundas, entretanto, nosso Senhor revelou as palavras de Deus diante das tentações: "Não só de pão viverá o homem", ou seja, não só da satisfação das necessidades básicas e primarias, mas de toda a palavra de Deus. Com essa resposta nosso Senhor disse que suas mais profundas necessidades eram saciadas por Deus.

Diante dessa resposta Satanás não se detém, e propõe outra palavra de Tentação:

A segunda Palavra é a proteção em todas as adversidades.

Mt 4:5-7 Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.

Continuo usando termos indefinidos, mas acredito que em muitos locais, que não nos cabe nomear por uma questão ética, a palavra de Deus tem sido torcida, manipulada e usada, não por líderes religiosos, mas por homens que tem se tornado instrumentos de Satanás. Mensagens que prometem proteção, que garantem a segurança do servo de Deus, que nada vai acontecer, que mil cairão à direita e dez mil à esquerda, que todos os inimigos serão confundidos, todas essas mensagens formam a base da tentação que Satanás usou para derrubar Jesus. Mensagens que ignoram a vontade de Deus e valorizam a vontade humana, que usam Deus como se fosse um guarda costas, onde não é preciso viver a vontade de Deus, apenas pedir, pois por ser nosso Pai, tem a obrigação de nos proteger.


Existe um conto dos irmãos Green que expressa essa realidade. Diz a estória que um dia Nosso Senhor estava andando numa floresta, estava com muita sede e o servo de um fazendeiro o hospedou e serviu em sua casa, como prova de gratidão Nosso Senhor disse que abençoaria aquele servo. Olhando ao redor, viu uma lareira, chamou o dono da fazenda, pediu que fizesse um grande fogo e preparasse um tonel d'agua. Então Nosso Senhor pediu que o servo entrasse no fogo, pois assim rejuveneceria. No principio ficou com medo, mas ao adentrar, o servo começou a sentir algo suave como o orvalho e começou a glorificar a Deus com toda sua voz, quanto mais ele glorificava mais forte ficavam as brasas, após alguns minutos nosso Senhor entrou na lareira, pegou o servo, lançou-o no tonel de água e quando o levantou, saiu joven, o servo rejuvenecera quarenta anos, possuia aparencia de vinte. Todos ficaram admirados do milagre. O fogo baixou e a seguir, Nosso Senhor foi embora.

Entretanto, quando Jesus foi embora o fazendeiro começou a ter uma idéia. Entendeu que aquele fogo era sagrado e correu a chamar sua sogra, pois já era de muita idade, atormentava-o sempre que podia e dava muita despesa. Pensou consigo que se sua sogra ficasse mais jovem poderia casar novamente e ir embora. Quando a sogra chegou, apresentou o servo e disse como aconteceu, que o fogo era sagrado e que ela também poderia ficar mais jovem. Com medo, ela perguntou ao servo o que ele sentiu, no que ele disse que "as chamas eram como gotas de orvalho" em seu corpo. Toda feliz com o milagre ela aceitou. O fazendeiro correu acendeu grande chama, trouxe o tonel de água, orou pedindo a Deus que repetisse o milagre e jogou a sogra no fogo. Quanto mais a idosa gritava, mais fogo ele fazia até que puxou-a do fogo e a jogou num tonel de água. Mas para tristeza de todos o estado dela quando saira era muito pior do que quando entrara. Essa estória possui uma moral muito importante: Nem todo fogo é de Deus!

Nem todo milagre é de Deus, nem toda cura é de Deus. Entendam meus irmãos, quem opera o milagre, a cura e a salvação é Nosso Senhor e não nossa vontade, nem nossa imposição, muito menos nossas obras. Não pense que um dia, ou uma semana de jejum, tem o poder de forçar Deus a fazer alguma coisa, ou que nossas orações possuem porder mágico e quando eu oro, tudo acontece. Essa visão mística é muito distante da interpretação dos evangelhos e principalmente do que Nosso Senhor nos ensinou.


Diante da tentação de Satanás, Jesus tinha certeza que Deus poderia agir e agiria, mas essa não era a vontade de Deus, era um "fogo sagrado" sem Deus. Assim antes de pedir proteção, ou um milagre, procure saber primeiro se você não está deixando que Satanás o conduza até o pináculo do templo, se o fogo que você está vendo realmente é de Deus, se as provas que você está fazendo de Deus não são tentações de Satanás. Lembre-se QUANDO A AMIZADE É VERDADEIRA, NÃO É PRECISO PROVAR! quando Deus, no texto de Malaquias 3 diz: PROVAI-ME, Deus não estás dizendo para crentes, mas para pessoas que haviam perdido a fé! Quando Gideão prova Deus ele o faz por que duvidava, e não por fé. Assim, quando Jesus diz: "não tentarás o Senhor teu Deus" está dizendo para confiar em Deus e não provar para ver se Ele realmente cuida de ti. 

Nessa segunda palavra aprendemos que Satanás tentou a Jesus e tenta os crentes em duas perspectivas: 

A primeira -  Fazer com que pensemos que a nossa vontade manda em Deus. Nessa Tentação Deus torna-se nosso servo. Está sempre pronto à nos atender e servir nossa vontade. Essa tentação produz fogo estranho, parece de Deus, mas na realidade é nosso.

A segunda - Fazer com que duvidemos do amor de Deus para conosco. Nessa Tentação Satanás corroi a fé. Só provamos aquilo que não conhecemos, aquilo que temos medo e o que não confiamos. Quando confiamos, não provamos! Lembre-se, nenhum amigo gosta de ser provado!

A essa segunda palavra de tentação quero acrescentar uma coisa muito relevante. O "pináculo do templo". Na primeira palavra, Jesus estava em jejum, servindo ao Pai,  Satanás o tentou nisso. Nessa segunda palavra Satanás continua tentando Jesus em um local sagrado. Muitas vezes pensamos que a tentação está apenas em locais que consideramos "impuros", entretanto, as tentações de Satanás ocorrem até nos locais mais altos da fé, usando a própria palavra de Deus. Assim como Satanás usou a palavra de Deus para tentar Jesus, as pregações de hoje também podem usar palavras de Deus para tentar o homem.

A tentação de Satanás aproveitou-se da segurança que Jesus tinha em Deus: "já que você é o Filho de Deus nada vai te acontecer, olhe ao seu redor, estamos no templo, se você pular, os anjos te susterão!" Toda palavra que pedir para que você pule por que você é alguma coisa, é perigosa. Essas mensagens desconsideram Deus e sua palavra, enfatizam a pessoa, o que nós somos é colocado sobre o que Deus é. Assim, lembre-se: é do pináculo do templo, local de grande relevo e atenção, que Satanás usando a palavra de Deus pede que pulemos!

Diante dessa tentação a resposta de Deus é um guia para nossa vida: Não tentarás ao Senhor teu Deus! O que é tentar a Deus? Nesse texto, tentar a Deus é provar Deus. A palavra no grego é "peirazo" usada tanto para traduzir protação como tentação. Assim acredito que nesse texto a melhor tradução seria provar, colocar em prova. "Não provarás ao Senhor teu Deus" somente para atender a seus próprios interesses. Assim, amado irmão, crescer no Senhor é confiar em seu amor, independente de provas, pois a maior prova já foi dada, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Não satisfeito, Satanás tenta mais uma vez.  

A Terceira Palavra é a satisfação de todos os desejos

Mt 4:8-10 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.

Essa é com certeza a maior tentação de nossa época. Você pode ter todas as coisas! Tudo pode ser seu! Todas as bençãos estão ao seu alcance! você pode todas as coisas, você é filho do rei, filho do dono do mundo, etc....Será que essas palavras realmente são de Deus? 
 
Primeiro, vamos observar a resposta de Jesus. "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto", Jesus respondeu ao pedido de se ajoelhar ou à tentação de ter tudo? Ai está a questão, a adoração não é a Satanás, mas principalmente ao desejo de ter tudo. Não é uma adoração à Satanás, mas aos reinos e à gloria deles. Jesus cairia se o desejo de ter tudo fosse maior que o desejo de adorar a Deus.

Satanás não inventou uma tentação, tentou Jesus com uma benção escatológica. O reino e a gloria são bençãos escatológicas dadas à Cristo por vencer a condenação na Cruz. Satanás ofereceu as mesmas bençaos a Cristo se o adorasse. O que a resposta de Jesus representou diante dessa provação de caráter escatológico? 
 
A resposta de Jesus revelou que adorar a Deus possui valor superior ao de sua própria gloria. Essa é uma lição muito valiosa. Satanás usa as palavras de Deus na Igreja para centralizar o culto no homem e em sua necessidade. A mensagem de Satanás não é uma mensagem sobre Deus, seu amor ou sua vontade, mas uma mensagem sobre o homem, sobre o sucesso, sobre a gloria e o poder. Muitas mensagens focadas na restituição de Deus, na restauração financeira, na posse, na gloria humana, não falam mais sobre Deus e sua vontade, nem sobre Jesus e sua vida, mas sobre o homem, sobre seu sofrimento, sobre as necessidades, sobre as aflições, essa mensagem é centralizada no homem. Assim, quando Jesus responde que só a Deus adorarás e darás culto, refere-se principalmente à tentação de Satanás, ao culto à si mesmo, aos desejos, às ansiedades humanas e ao distanciamento de Deus. 
 
A resposta de Jesus revelou que as bençãos escatológicas não possuem valor em si, mas são valiosas por seu relacionamento com Deus. Satanás usa as palavras de Deus na Igreja para colocar as bençãos acima do relacionamento com Deus. Nas minhas aulas de cristologia ensino que todos os crentes querem ir para o céu, entretanto, não querem viver com Jesus. Se não conseguirmos viver com Jesus hoje, não viveremos eternamente! Se não aprender-mos a repartir, a doar, a entregar, a amar mesmo os que não correspondem, não aprenderemos no céu.

As bençãos escatológicas são realmente algo maravilhoso. Ruas de outro e cristais, casas de brilhantes, grande fartura, sem dor, nem sofrimento, só alegria. Não estamos esquecendo de nada? Se eu lhe dissesse que no céu não existirão ruas de ouro, nem mansões de cristais e brilhantes, nem tamanha fartura e que ao chegarmos lá iremos trabalhar e servir o próximo, que deveremos repartir tudo que tivermos com o próximo, não haverá nada de sobra. Você ainda ia querer ir para lá? Sim, uma das maiores tentações de Satanás é fazer com que abandonemos Jesus pelas bençãos do reino, exatamente como fez o povo do deserto, o que importava não era Deus, mas a terra que Ele daria (Ex 33). Será que no céu Jesus será alguém diferente do que foi na terra? Será que quando chegarmos no céu seremos tão premiados que Jesus irá nos "mimar" eternamente? A resposta de Jesus ignorou as bençãos, pois a presença de Deus era o que lhe interessava, assim como a Moisés no deserto, assim como deve ser para conosco. Não interessa onde vai ser o céu, ou como ele será, estando com nosso Senhor Jesus Cristo, estaremos salvos.            

Resta ainda analisar o termo "Tudo isto te darei". Quando lemos a Biblia sempre somos orientados por algum tipo de hermeneutica. Quando ao ler Jesus só encontramos suas bençãos e dádivas, nos deparamos com a hermeneutica de Satanás, que olha somente para as bençãos como um fim em si mesmas. Satanas tenta Jesus à ignorar a vida com Deus, o ministério, a salvação e ir direto para o resultado final! A hermeneutica que olha para os fins sem se importar com os meios é hermeneutica de Satanás.

Quando aplicamos a hermeneutica de Satanás às palavras de Jesus temos as seguintes conclusões:

"Tudo quanto pedires em oração, crendo, recebereis" Mt 21:22 - Na hermeneutica de Satanás, "tudo" diz respeito a todas as necessidades, aflições, desejos e ansiedades. Entretanto, o contexto aponta para a autoridade de Cristo manifestada na fé, relacionada principalmente com o ministério. O mesmo texto em Mc 11:24, refere-se ao perdão;   

"...para Deus tudo é possível" Mt 19:26 - Na hermeneutica de Satanás, "tudo" diz respeito a todas as coisas que precisamos, desejamos e ansiamos. Entretanto, o texto refere-se claramente à salvação.      

" João 14:13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho". O contexto desse versículo aponta para o ministério.

Toda interpretação deve passar pela hermeneutica de Cristo. Como Jesus interpretaria esse texto? Aqui está a tentação de Satanás. Ele tenta criar uma imagem de Jesus que não é verdadeira, um Jesus que só prometeu bençãos e não pediu compromisso. Entretanto, é preciso entender que não existem dois "Jesus", um bonzinho e outro severo, um amigão e outro comrpometido com sua missão. É preciso ter em mente que o memso Jesus que disse: "Tudo que pedirdes em meu nome isso farei" é o mesmo que disse "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça". Assim não são duas vontades de Cristo, mas a mesma:

"Se buscardes o Reino de Deus e a sua Justiça, tudo que pedirdes em meu nome isso farei!"

Conclusão

1) As três tentações de Satanás agiram em locais sagrados, e utilizaram as próprias palavras de Deus.

2) As três tentações de Satanás tinham por objetivo afastar Jesus de seu ministério.

3) As três tentações são:

             A palavra de solução para todas as necessidades.

             A palavra de proteção em todas as adversidades.

             A palavra de satisfação de todos os desejos.

4) Contra as três tentações de Satanás Jesus responde com três palavras de vitória:

             A palavra da dependência total de Deus.

             A palavra da confiança em Deus que não precisa de provas.

             A palavra do relacionamento com Deus como sendo a satisfação completa da vida.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Igrejas de Deus, Palavras de Satanás
Uma análise da Igreja atual a partir de Mt 4:1-11 

É impressionante como a palavra de Deus tem se proliferado. Atualmente tudo virou palavra de Deus.

No começo da Igreja a palavra de Deus era a palavra dos apóstolos. Toda igreja ouvia e seguia o que eles escreveram, pois entendiam que as palavras dos apóstolos eram as palavras de Jesus.

Na institucionalização da Igreja, aproximadamente do séc. II d.C. a palavra de Jesus, que tornara-se palavra dos apóstolos, passou a ser a palavra do Bispo, "onde está o Bispo ai está a Igreja".

Por muito tempo, aproximadamente 1000 anos, a palavra da Igreja foi interpretada como a incontestável palavra de Deus. Com a reforma a palavra de Deus mudou novamente. A palavra de Deus tornou-se a palavra das confissões. O que as confissões, aprovadas nos sinodos diziam, era a palavra de Deus. Sob João Calvino a palavra de Deus foi a base da instituição do "Estado Evangélico" e era usada como forma de governo e institucionalização do poder eclesiástico. O famoso historiados Will Durant registrou em sua obra "História da Civilização" várias perseguições entre cristãos, e todas motivadas pela palavra de Deus.

Recentemente com o Neo-Pentecostalismo a palavra de Deus assumiu nova forma. A palavra do homem capitalista tornou-se a palavra de Deus. São discursos positivistas, mensagens de prosperidade e realização financeira. Tenho ouvido até que os tesouros no céu são tesouros literais, o que vamos fazer com ouro no céu? O ouro só terá sentido se formos comprar alguma coisa, pois do contrário seu valor desaparece. Diante dessas novas formas proponho uma reflexão muito importante sobre a Palavra de Deus e a Palavra de Satanás.

Como reconhecer a palavra de Deus? Como saber se as palavras que estou ouvindo não são manipulação política ou as palavras de Satanás disfarçadas como palavras de um anjo de luz? Para essa compreesão vamos dar uma olhada no texto de Mateus capitulo 4:1-11. Esse texto narra Jesus sendo confrontado por Satanás, nesse confronto as palavras de ambos, Jesus e Satanás, são reveladas mui claramente, servindo de paramentro para regular as palavras ouvidas atualmente. Assim apontarei três palavras de Satanás e as três palavras de Jesus.

A Primeira palavra de Satanás:
Solução para todas as necessidades

"Mt 4:1-11 A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus".

Atualmente as mensagens das Igrejas, tanto pentecostais quanto tradicionais, enfocam as necessidades. Costumo falar em minhas aulas que Jesus tornou-se um muambeiro do céu, os crentes vivem pedindo, de tudo a toda hora, são necessidades das mais fúteis e medíocres às mais reais e necessárias. É preciso lembrar que mesmo as faculdades e seminários teológicos ensinam que as necessidades humanas são o foco da mensagem evangelica. Toda a mensagem deve ir de encontro à necessidade da pessoa. Entretanto, será que essa palavra, da solução para as necessidades é palavra de Deus? Será que não é aplicação de técnicas de marketing e propaganda aplicadas ao evangelho?

No texto de Jesus sendo confrontado por Satanás, foi justamente a necessidade que Satanás usou para tentar Jesus. O que é preciso entender é que a tentação sempre atua em nossa necessidade. Não somos tentados no que não gostamos, no que não desejamos ou no que não temos necessidade, pelo contrário, é justamente no que mais necessitamos que somos tentados. É quando precisamos de dinheiro que somos tentados à trapassa. Nessa perspectiva a tentação de Satanás foi em uma necessidade básica e urgente, Satanás não tentou Jesus em uma futilidade, mas em algo substancial para a manutenção da vida.

Nesse ponto quero chamar sua atenção para a tentação: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães", Jesus poderia ter transformado aquelas pedras em pães e não seria pecado, então onde está a tentação? Na resposta de Jesus a tentação tornou-se clara: "Não só de Pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus", Jesus estava respondendo a Satanás que as necessidades não dirigiam sua vida, que a fragilidade humana não dirigia sua vida, mas que a vontade de Deus dirigia sua vida. Ele não abriria mão de seu ministério como homem e de servir a vontade do Pai somente para satisfazer uma necessidade. Não transformaria pedras em pães somente para atender seus desejos.

Será essa uma marca da mensagem de Satanás? Muitos pregadores estão fazendo o papel de Satanás, tentando os crentes a transformar pedras em pães. São mensagens dirigidas às necessidades, das mais diversas, sempre apontando para a possibildade de transformar sua realidade de "fome", sua realidade de "ausência de prazer", pois o servo de Deus não deve passar fome, o servo de Deus não deve sofrer, o servo de Deus deve ser rico porque Deus é rico! Alguns chegam a usar as próprias palavras de Satanás: "você é filho do Rei; Tu és filho de Deus  por isso podes todas as coisas". Essa não é a mensagem de Deus, mas a mensagem de Satanás tentando o homem a usar Deus para satisfazer sua necessidade.

Atualmente muitos crentes estão caindo onde Jesus resistiu, estão transformando pedras em pães, pedras em carros, pedras em promoções, pedras em realidades que supram suas necessidades. A impossibilidade do sofrimento revela a fraqueza dos crentes diante das adversidades, na primeira tribulação muitos correm para os braços do primeiro a apresentar alento, mesmo que seja Satanás! Uma simples leitura do Antigo Testamento é suficiente para entender que o servo de Deus não é alguém isento de sofrimento, mas um homem de dores Is 53; vazio de si mesmo, atitude que o apostolo Paulo nos adverte a seguir Fp 2:5-11; Quando transformamos todas as pedras em pães estamos dizendo que a palavra de Deus não é suficiente para nossa vida, que Deus não é suficiente para nossa vida e que as nossas necessidades são maiores que a nossa missão e nosso relacionamento com o Senhor Jesus.
  
Outra implicação dessa tentação é a busca por uma resposta rápida e fácil. Como vivemos na era do Fast-Food, tudo deve ser para ontem. O homem moderno está acostumado com tudo fácil e rápido. Essa facilidade tem sido transportada para a vida com Deus. As orações tem se tornado verdadeiros mantras, recitações mágicas que ao ser pronunciadas desvelam novas realidades ao orador. Só tem um problema, essas orações são externas, não prevem a transformação do homem, a mudança interior e a vitória sobre o velho homem. São orações facilitadoras. Quando está difícil, sente e ore! Essa afirmação não existe nas escrituras, essa busca rápida e fácil é contrária ao trabalhar de Deus em nossas vidas. Acredito que as pedras são colocadas pelo próprio Pai, com a intenção de provar se somos novas criaturas e se verdadeiramente estamos em Cristo, pois se estivermos nele, a ausência de pão, ou de qualquer outra coisa não será motivo para que se despreze a vontade de nosso Senhor.


Essa tentação possui mais um aspecto, a ênfase no individualismo: "Se és filho de Deus". Nesse termo Satanás propos a Jesus que recusasse toda vontade do Pai e se concentra-se no que Ele era. Quando a mensagem enfoca a natureza de algo, sempre descaracteriza o relacionamento. Toda mensagem que afirma o que nós somos, ou o que nós temos, descaracteriza nosso relacionamento com Deus. As novas interpretações do evangelho enfatizam o que o homem é e possui, essa característica torna as mensagens individualistas e egocentricas, a única preocupação é sobre o que o "EU" é, sobre o que o "EU" possui de direito. De acordo com a tese de Oscar Culmann, na sua obra "Cristo e Política", a principal tentação de Jesus foi de afastamento da cruz. Assim, nessa tentação Satanás queria colocar em evidência quem Jesus era para que se revelasse como Deus e abandonasse o "NÓS", ou seja, nossa salvação, por isso a principal mensagem de Jesus é a renúncia, atitude vivenciada desde antes da criação até o último momento da cruz e da condenação humana.


Assim, amado irmão quando só existirem pedras no caminho, lembre-se do caminho da renuncia que Jesus nos ensinou, por ele vencemos Satanás que atua por nossas necessidades, em nossa insuficiência temporal e principalmente no individualismo.  

A Segunda palavra de Satanás:
Proteção em todas as adversidades

Continua...