quinta-feira, 26 de novembro de 2009

VERDADES OCULTAS E MENTIRAS REVELADAS

As Configurações da Fé ante as Novas Estruturas Sociais

Eduardo Sales de Lima



A Verdade e a Mentira são valores que a cada dia se reconfiguram em formas diferentes. Atuam como forças conduzindo as pessoas pelos seus caminhos. Os caminhos da verdade são os caminhos que apontam quem realmente somos, enquanto os caminhos da mentira falsificam nossa identidade afirmando sobre nós o que não somos. Dessa forma existem mentiras que parecem verdades e verdades que parecem mentiras.

A vida que você vive é a Verdade ou a Mentira? A Verdade está baseada no que nós somos, já a mentira está baseada no que nós queremos. O que nós somos é a realidade e o que nós queremos é a hiper-realidade. Por exemplo: enquanto a verdade diz que nós somos Criaturas a mentira diz que somos Criadores; enquanto a verdade diz que somos pequenos e limitados, a mentira diz que somos grandes e eternos; enquanto a verdade diz que devemos cuidar do mundo que nos foi confiado, a mentira diz que devemos aproveitar descontroladamente o máximo de tudo; enquanto a verdade diz que existe algo maior que governa nosso mundo; a mentira diz que nós governamos; e assim a verdade e a mentira estão lutando continuamente.

A partir dessa realidade vamos examinar o texto de Mt 4:18-20 onde a questão da verdade e da mentira estão em combate diante de nosso Senhor Jesus Cristo que nos revela três lições sobre a verdadeira vida.

A primeira lição que nosso Senhor revela é que a verdadeira vida está configurada socialmente. “Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores” Mt 4:18. As forças da verdade dizem que as pessoas que Jesus procura são pessoas simples, cuja vida está configurada socialmente, são pescadores, padeiros, frentistas, professores, cobradores e todos que desejarem; entretanto as forças da mentira estão o tempo todo dizendo que não, que Jesus busca adoradores, sacerdotes e profetas, pessoas preparadas. Mas não é bem assim, a atitude de Jesus é muito relevante – Ele não foi buscar discípulos no Templo ou na Sinagoga – Se existia um lugar com homens e mulheres de Deus era o Templo e a Sinagoga, mas Jesus vai ao mar da Galiléia e chama pessoas simples para serem seus discípulos.


Quais forças estão dirigindo sua vida? As forças da verdade dizem que você pode ser o discípulo de Cristo, independente de sua profissão, de seu zelo religioso ou de sua cultura, Jesus prefere os simples. Mas fique atento, pois as forças da mentira rondam a Igreja do Senhor e procuram afastar os simples de sua obra. As forças da mentira buscam os “melhores”; os “mais bonitos”; os que “falam com eloquência”; mesmo na Bíblia vemos que o sacerdote Samuel foi enganado pelas forças da mentira quando procurou o mais forte, ou o mais bonito e no entanto Deus lhe revelou Davi, o mais simples. “1Coríntios 1:27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”

A segunda Lição que Nosso Senhor revela é que a verdadeira vida é reconfigurada por Cristo. “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mt 4:19. O chamado de Jesus aponta para algo maior, para uma reconfiguração da vida. As forças da verdade são inspiradas pelo verdadeiro evangelho de Cristo que aponta para a transformação de Vida, para reconfiguração da vida. Em oposição estão as forças da mentira criando um evangelho que não precisa de transformação, que não exige mudança de vida, superficial. As forças da mentira suavizam o chamado de Cristo, dizem que o chamado é para aceitá-lo e adorá-lo, as forças da mentira encontraram no “culto” um poderoso aliado, pois reduzem toda a vida cristã à momentos de “culto”. Esse é o principal conflito de nossas vidas: Deixar que Cristo reconfigure nossa direção, nos tornar mais que pescadores, “pescadores de homens”. O Chamado da verdade aponta para algo maior, para o reino messiânico de Cristo, para a verdadeira esperança da vida, para a verdadeira vida. Entretanto o chamado da mentira aponta para si mesmo, para um reino construído por esforços humanos, que glorifica apenas a si mesmo falsificando a verdade em mentira, testemunhando de poderes passageiros (curas, bênçãos, milagres) e ignorando poderes eternos (salvação, vida com Cristo, Nova vida).

O Chamado de Jesus não é para uma solução passageira, mas para reconfiguração da vida. Qual o significado da sua vida? Se você pudesse resumir sua vida em uma palavra, qual seria? Jesus não veio formar Sacerdotes, Levitas, Fariseus, ou qualquer outro alienígena, antes desafiou os discípulos à reconfiguração de sua vida; desafiou os discípulos à reencontrarem o sagrado em suas vidas; desafiou os discípulos a olharem para os lados e se importarem com o próximo. Essa é a verdadeira vida: A reconfiguração dos caminhos em Cristo, pois somos Nova Criação.

Não deixe que os poderes da mentira seduzam você com suas bênçãos e prêmios passageiros. Não deixe que a mentira roube o sagrado de seu coração com valores superficiais de Deus. Não permita que a mentira usurpe o seu desejo de mudar de vida, de transformar-se numa pessoa segundo a vontade de Deus, afirmando que não é necessário mudar. Não permita que a mentira se instaure na sua vida com valores e caminhos que não são os de Cristo, produzindo vidas medíocres, que apenas vão há igreja aos domingos e participam dos rituais, não participando da verdadeira vida de Cristo.

Antes deixe que sua vida seja Cristo “Filipenses 2:21 Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro”. Gálatas 2:20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.


A terceira lição revelada por Jesus nesse texto é que a verdadeira vida está em Cristo. “Mt 4:20 Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”. A necessidade de modo geral nos leva para a Igreja, somos abençoados, gostamos do ambiente e ficamos. Essa não é a mesma atitude dos pescadores. O que levou-os a uma mudança de vida? A uma reconfiguração de sua existência? Foi o reconhecimento de Deus. Muitas pessoas “na Igreja” não mudaram de vida, ou seja, não tiveram sua existência reconfigurada, por não reconhecerem o chamado de Deus, e assim, continuam com suas velhas redes de pesca. As forças da mentira imperam por meio das vidas superficiais; dos crentes sem compromisso com Cristo; pelas relações de troca e barganha com Deus. A mensagem de uma nova vida em Cristo desapareceu dos púlpitos, foi trocada pelas mentiras de que a nova vida em Cristo é uma vida próspera. Não há mais encontro com Cristo, os crentes não querem encontrar Cristo, pois exige mudança de Vida. As forças da mentira levam os crentes a desejar encontros apenas com as bênçãos de Cristo. “Queremos a salvação, mas não queremos a Cruz”. Não há reconhecimento de Deus em Cristo. Dizer que Cristo é o Senhor e não viver a fé Cristã, escondendo-se atrás dos compromissos seculares, das fraquezas da Igreja e dos problemas de nossa sociedade é o mesmo que viver sem Cristo.

Conversão é encontro real com Cristo e principalmente reconhecimento de Deus na construção de nossa existência. No reconhecimento de Deus nosso pecado vem à tona. Quando o profeta Isaias esteve diante de Deus exclamou: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros [...]” Is 6:5; Paulo diante de Cristo cai prostrado e cego; e nós como nos comportamos diante de Cristo? As forças da mentira fazem com que diante de Cristo não reconheçamos a presença de Deus, enquanto que as forças da Verdade transformam nossas vidas diante de nosso Senhor “1Coríntios 3:18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”.

Encontrar Cristo é perder-se, “Estou perdido!” disse Isaias; é perceber quem realmente somos, encontrar a verdadeira vida e descobrir qual é a falsa, qual é a vida de mentira. O apostolo Paulo escreve essa verdade aos Colossenses 3:2-4 “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória”. A verdadeira vida não essa que agora vivemos, essa é a vida da mentira. Nossa vida verdadeira está oculta em Cristo. A vida da mentira depende das coisas naturais, é passageira, superficial e frágil, enquanto que a vida verdadeira é poderosa, atemporal e incorruptível em Cristo. A vida da mentira passará, mas a vida verdadeira será manifestada quando Nosso Senhor se manifestar em glória e a glória de Nosso Senhor será a nossa glória.

Por isso os discípulos deixaram imediatamente suas redes e o seguiram, porque reconheceram suas verdadeiras vidas ocultas em Cristo. Os discípulos entenderam que a vida que viviam era a vida da mentira, a ilusão da falsidade que não poderia dar nada além das sensações presentes. Nossa verdadeira vida está oculta em Cristo.

“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”.

Diante do exposto é preciso entender que existe uma batalha sendo travada entre as forças da verdade e da mentira tentando dizer quem você é ‘um simples pescador” uma pessoa que vive apenas para si própria, para atender os caprichos de uma vida superficial e frágil ou “um pescador de homens” uma pessoa que entendeu que sua vida está para além dessa realidade, que sua vida verdadeira está oculta em Cristo e se manifesta nessas três lições:

1) A vida verdadeira está configurada socialmente. Jesus busca pessoas simples para lhe servir, enquanto que a mentira tenta nos seduzir ao descaso e ao abandono pois afirma que Jesus busca apenas os especiais.

2) A vida verdadeira deve ser reconfigurada por Cristo. O verdadeiro sentido da vida está no reconhecimento de Cristo diante de nossa vida. Enquanto que a mentira tenta afastar o crente do reconhecimento de Cristo em suas vidas, produzindo vidas superficiais e fracas, falsificando o evangelho e configurando relacionamentos irresponsáveis (que não podem responder por si) diante de Deus.

3) A vida verdadeira está em Cristo. Essa vida que vivemos não é nossa verdadeira vida, não passa de uma ilusão. Nossa verdadeira vida está oculta em Cristo. Essa é a vida que devemos viver. Enquanto que as forças da mentira criam novas formas de vida vinculadas à ilusão, tornando-a realidade.

As forças da mentira fazem com que os crentes vivam a verdade de Cristo de tal maneira que se torna em mentira e a falsa vida de mentira de tal forma que se torna em verdade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

JESUS AMA OS FEIOS

Escolhi começar desse tema para abordar uma questão fundamental para a Vida Cristã, a estética. A estética é campo filosófico muito próximo da ética. A partir da estética são revelados nossos conceitos de belo e feio, e por conseguinte de mal e mau e bem e bom. Qual a relação do ministério com estes conceitos?
Uma das lições mais importantes do meu ministério foi adquirida em meio a forte crise. Nossas noções de estética entendem que o saber é algo belo, que o conhecimento cativa e atrai, enquanto o feio não é desejado por ninguém. Ninguém almeja o feio para sua vida. Não buscamos o feio em nada: Nossa alimentação tem de ser com o que há de mais bonito, nossas forma de vestir, nossas palavras, nossos sonhos, nossas vidas. O Belo está em tudo. Em todas as coisas, inclusive em nossos ministérios. Mas esse conceito de Belo possui apenas meia verdade. Existem situações em que o conhecimento e o saber deixam o belo e passam a atuar no feio. Momentos em que o melhor é destrutivo. Situações em que o conhecimento ofende, retrai e destrói. Como algo bom pode destruir? Como o belo pode ofender? Como o belo pode afastar? Como alguém pode ser ferido pelo Belo?

No afã pelo Belo descobrimos a oposição ao feio. Ser bonito implica em que os diferentes são feios. Essa é uma das maiores armadilhas do ministério: querer ser bonito. Quando tentamos ser bonitos, buscamos os conceitos do belo em nossas vidas entendendo que assim teremos um “belo” ministério, acabamos por destruir nosso ministério, pois colocamos todos os diferentes sob o julgo do feio.

“Isa 53:2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos”.

Quando olhamos para Jesus nos perguntamos: Por que nosso salvador escolheu ser feio? Por que nosso salvador escolheu nascer numa manjedoura? Lc 2:16 Viver no interior e não na capital? Mt 3:13 Estar entre pobres Mt 11:5 os pecadores Mt 9:10 e não entre os santos? Falar nos montes, nas casas e nas ruas e não nos púlpitos e nos grandes templos? A resposta está na relação de Jesus com o Feio. Ele não foi o Belo que destroi o feio, mas o feio que se identifica com o feio. Como estariam os pecadores se Jesus não tivesse se misturado com a parria? Como estariam os pobres se Jesus tivesse nascido em berço de ouro? Como estariam os leprosos se Jesus se afastasse deles? A verdade é que não existe ministro do belo. O verdadeiro ministério é o do feio. Quando o ministro busca o belo em sua vida destrói a vida dos que lhe são próximos, e fica impedido de ministrar. Mas no feio, por outro lado, existem amplo espaço ministério.

A verdade que aprendi é que ao buscar o belo destruo os relacionamentos ao meu redor, e por outro lado, sempre que me coloco no feio, o ministério se desenvolve. Sempre que demonstro meu grande conhecimento torno-me um desconhecido e sempre que oculto meu conhecimento as pessoas se abrem para me conhecer. Esse é o ministério de Jesus, a ocultação do Deus Belo que condena o feio na revelaçao do Deus Feio que se identifica e absolve a todos. O Belo é horrível pois ofende o feio. Assim como Jesus devemos abandonar nossos conceitos de Belo Fp 2:5-11; entendendo como Ele que o oposto do “Belo ministério" é o "ministério do servo", do escravo que é fiel até a morte.


Como exercer o ministério no feio? Simples, ocultando nosso Belo em Cristo. Para que meu ministério seja Belo é preciso que eu seja feio em e como Cristo. É no horror da Cruz que a beleza da Salvação é revelada. Esse é o segredo dos grandes e abençoados ministérios que acontecem na vida de pessoas simples e humildes.

Nosso "Belo Conhecimento" deve ser sacrificado pelos que não tem conhecimento, nossa "Bela Capacidade" deve ser sacrificada pelos que não tem capacidade, nosso "Belo modo de falar", pelos que não sabem falar; nosso "Belo modo de vestir", pelos que não tem como se vestir; nosso "Belo modo de sentir", pelos que não podem sentir; nosso "Belo modo de comer", pelos que não podem comer; nosso "Belo modo de cantar", pelos que não sabem cantar; nosso "Belo modo de congregar", pelos que não podem congregar; nosso "Belo modo de conhecer a Deus", pelos que não o conhecem. Esse foi o Belo ministério de Cristo: tornar-se feio por nós para que fossemos Belos e esse é o nosso ministério, sermos feios como Jesus para outros também tenham a oportunidade de ser Belos.

Isa 53:5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.